domingo, 4 de outubro de 2009

Do outro lado da rua.

Ela me olha com aquele olhar de desdém.
Tenta sorrir enquanto conversa com os outros,
tentando fazer com que eu me sinta um ninguém,
nesses minutos em que ela me vê, me ignora mais um pouco.
Mas ainda assim continua a me olhar.
Mexe no cabelo como se estivesse preocupada com algo,
olha pro relógio como se estivesse atrasada.
Mas o dia dela é vago e ela quase não faz nada.
Isso não é segredo pra ela, nem pra mim.
Mas ela gosta do jogo que existe entre nós
cada movimento, cada ação faz sentido.
Ela finge que sou invisível, embora se arrepie
cada vez que minha voz chega aos seus ouvidos.
Eu sou só um peão no meio desse tabuleiro.
Não vivo isso pela metade, não é fantasia dela
eu sou parte desse jogo e estou nele por inteiro.
Mas nossas vidas são completamente diferentes,
se eu ando pra trás,
no mesmo momento ela, com toda elegância,
se põem a andar pra frente.
Entende? A culpa não é nossa, nunca foi.
Nossos sentimentos se cruzaram,
mas nossas vidas se esqueceram de fazer o mesmo depois.



Daniel

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